Publicado em: Época Negócios – Globo
Por Edson Caldas | 07 de fevereiro de 2018
Parte dessas iniciativas está surgindo no Brasil. E há grandes companhias de olho no que está acontecendo. A norte-americana Qualcomm premiou dez startups e projetos acadêmicos de impacto brasileiros que trabalham com IoT. Nesta semana, os empreendedores e pesquisadores premiados estão passando por uma imersão no ecossistema de tecnologia de San Diego e São Francisco, na Califórnia. A viagem é organizada em parceria com a Mobilização Empresarial pela Inovação, da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Conheça as iniciativas e saiba por que elas têm potencial para transformar os setores em que atuam:
Iagro
Empresa de monitoramento inteligente de pragas agrícolas. Com a ajuda de inteligência artificial e visão computacional, a solução desenvolvida pela startup permite monitorar todos os dias as populações de pragas no campo sem a necessidade de mão de obra. “Hoje o produtor tem grandes áreas e precisa colocar pessoas para fazer o monitoramento visual de insetos”, diz o cofundador Andrei Grespan, em conversa com a NEGÓCIOS. “Mas desenvolvemos uma série de sensores que coletam informações, que são processadas, mandadas para a nuvem e devolvidas em um aplicativo.” Este ano a iniciativa vai realizar projetos-piloto com os primeiros produtores.
E-lastic
A startup brasiliense E-sporte criou uma ferramenta na área de saúde chamada E-lastic. O objetivo é medir a evolução de pacientes e atletas que fazem exercícios físicos com um elástico de ginásticas. Os dados coletados no treino, a partir de uma peça acoplada no próprio elástico, são mandados para um aplicativo que mostra gráficos que permitem acompanhar os avanços dos usuários. “Escolhemos o elástico porque é um material barato e você consegue em qualquer lugar”, afirma Fernanda Teles, cofundadora da iniciativa. A solução foi lançada no mercado em maio de 2017.
“Soluções mais leves que o ar.” Essa é a proposta da ALTAVE, uma empresa que instala torres flexíveis em forma de balões, presos no chão por um cabo, para monitorar o espaço ao seu redor. “A principal aplicação é na área de segurança”, diz Bruno Avena, sócio da startup. Os balões flutuam a até 300 metros do solo, munidos de rádios, antenas e câmeras. Nos Jogos Olímpicos de 2016, quatro balões da ALTAVE foram usados no monitoramento dos espaços das competições. O modelo também pode ser aplicado no agronegócio e na construção civil.
Lysa
A startup Vixsystem criou um cão-robô. Mas calma, não tem nada a ver com os cachorros assassinos da última temporada de Black Mirror. Aqui, o objetivo é ajudar pessoas com deficiência visual. Trata-se de um animalzinho de mentira com funções semelhantes às de um cão-guia. O aparelho, batizado como Lysa, tem sensores que alertam o usuário sobre obstáculos e riscos no caminho (tanto os que estão no chão quanto os aéreos — algo que uma bengala não permitiria). “Temos hoje no Brasil 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, enquanto é estimado que só temos 100 cães-guia, que são muito difíceis de treinar e têm um custo alto”, diz Brenno Lugon, um dos responsáveis pelo projeto. A empresa está produzindo agora as primeiras unidades do produto.
Oxiot
O intuito da Oxiot é tornar mais eficiente a cadeia da oxigenoterapia [uso de oxigênio em uma intervenção médica] — e assim, ajudar a salvar vidas. A startup, que surgiu durante um hackaton em 2015, desenvolveu uma solução que coleta os dados de cilindros de oxigênio e os envia para a nuvem, a fim de monitorar o consumo de oxigênio por pacientes que recebem o tratamento em casa. A iniciativa já contou com a mentoria de grandes empresas, como GE e Bayer. “A plataforma já está disponível, agora estamos buscando parceiros para continuar crescendo”, afirma Edson Costa, diretor de negócios da Oxiot.
Tactile Glove
Imagine colocar uma luva na mão e poder tocar o que aparece na tela do seu computador. Isso é realidade. Trata-se de um projeto de “internet tátil” que nasceu nos corredores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Marcelo Fernandes, professor do departamento de engenharia da computação e automação da instituição, foi um dos responsáveis por criar uma luva capaz de fazer com que o internauta “sinta” a textura de objetos virtuais e interaja com outros usuários. “Alguém em Natal pode sentir o que uma pessoa em Londres está sentindo ao mesmo tempo”, diz Fernandes. A ideia agora é criar uma startup a partir do projeto.
ContextNet
Também nascida em ambiente acadêmico, a ContextNet desenvolveu uma plataforma de software que utiliza o smartphone do usuário para descobrir e interagir com os “objetos inteligentes” mais próximos. A solução pode ser usada tanto em ambiente doméstico como em empresas de diversos setores. Sob a coordenação de Markus Endler, a ideia surgiu no Departamento de Informática do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Senfio
A empresa desenvolve produtos com IoT mirando a área de saúde. “Há muitas coisas na área da saúde que são feitas por pessoas, mas poderiam ser feitas por máquinas”, diz Elyr Teixeira, CEO da Senfio. A startup de Teixeira criou um sistema que garante a conservação de vacinas e medicamentos em freezers. Aqui, a temperatura, que costuma ser monitorada de forma manual, por pessoas, é controlada pela internet. A solução já está disponível para o mercado.
Asel-Tech
Vazamentos em oleodutos e gasodutos podem ser causados por uma série de motivos — externos ou dos próprios tubos. Uma tecnologia já patenteada, no entanto, permite detectar vazamentos no transporte de fluídos e gases em apenas alguns segundos. Recebeu o nome de Pipeline Leak Detection and Location System. Isso é possível graças ao monitoramento dos tubos com sensores que analisam a pressão ao longo do duto. A empresa por trás da solução é a Asel-Tech.
Oneblue MBM
Não parecem faltar soluções usando IoT no setor da saúde. Um aparelho móvel batizado como Oneblue MBM também está entre os vencedores do prêmio. O projeto consiste em uma ferramenta para exames sanguíneos não invasivos. Com ela, é possível fornecer exames mais rápido a partir de qualquer lugar que tenha conexão à internet.